Salário médio regista a maior subida do ano
O salário médio líquido dos trabalhadores por conta de outrem cresceu 9% no terceiro trimestre, fixando-se nos 1.298 euros. Este aumento representa mais 104 euros em relação ao mesmo período do ano passado e marca uma aceleração face ao trimestre anterior, em que o crescimento tinha sido de pouco mais de 7%. O aumento confirma a tendência positiva do rendimento dos trabalhadores, refletindo um reforço gradual do poder de compra.

Os maiores aumentos verificaram-se entre militares, técnicos e trabalhadores agrícolas, ainda que gestores, diretores e cargos de liderança continuem a ter as remunerações mais elevadas. O salário médio deste grupo atingiu 2.037 euros, mantendo uma diferença significativa face aos trabalhadores não qualificados, que recebem em média 801 euros líquidos. Apesar da disparidade, o fosso salarial reduziu ligeiramente, sinal de uma distribuição mais equilibrada do rendimento.

Em termos reais, descontando a inflação média de 2,4%, o ganho efetivo foi de 8,5%, o que significa que os trabalhadores conseguiram manter e até reforçar o seu rendimento líquido. Esta valorização traduz-se num aumento de cerca de 101 euros por mês, evidenciando o impacto positivo da recuperação económica e da atualização de escalões salariais em diversos setores.

Diferenças entre profissões e evolução recente
O rendimento médio dos trabalhadores tem registado uma progressão consistente ao longo dos últimos trimestres. Depois de um crescimento anual de quase 10% em 2024, o início de 2025 manteve o ritmo ascendente, com o salário médio líquido a ultrapassar pela primeira vez os 1.200 euros. No terceiro trimestre, o valor subiu para 1.298 euros, confirmando a tendência de valorização generalizada dos salários.

Em termos de variação trimestral, a subida foi mais moderada, de 2,7% ou cerca de 34 euros, o que reflete uma estabilização natural após os fortes aumentos do início do ano. O equilíbrio entre setores é cada vez mais visível: as profissões com maiores ganhos foram as das Forças Armadas, técnicos de nível intermédio e trabalhadores agrícolas e florestais, enquanto as áreas de serviços pessoais, montagem e atividades científicas registaram evoluções mais suaves.

Os militares viram o seu salário médio líquido crescer mais de 22%, atingindo 1.990 euros, impulsionado por medidas de valorização da carreira e complementos salariais. Os técnicos de nível intermédio subiram 11,6%, passando de 1.242 para 1.387 euros, e os trabalhadores agrícolas registaram um aumento de 9,3%, com o vencimento a fixar-se em 974 euros mensais.

Nos grupos com variações mais tímidas, os operadores e montadores ganharam em média 1.108 euros, um aumento de 6,2%, enquanto seguranças e vendedores subiram 6,8%, para 982 euros. Os especialistas das áreas científicas e intelectuais receberam 1.773 euros, o que representa um crescimento de 7,5%.

Os gestores e dirigentes mantêm-se no topo da tabela, com uma remuneração média líquida de 2.037 euros, apesar de uma ligeira quebra de 1,1% face ao trimestre anterior. Já os trabalhadores da montagem registaram uma pequena redução de 0,4%.

Salário e poder de compra em trajetória positiva
A recuperação do salário médio líquido em Portugal acompanha o reforço gradual da economia e a atualização das tabelas remuneratórias no setor público e privado. Mesmo com variações pontuais, a tendência global é de crescimento estável e contínuo. A diferença entre os rendimentos mais altos e mais baixos diminuiu, e as classes intermédias têm vindo a beneficiar de aumentos mais expressivos.

Com o salário médio líquido a aproximar-se dos 1.300 euros, Portugal regista o valor mais elevado da última década. A valorização do trabalho, o controlo da inflação e a aposta em políticas salariais mais equilibradas continuam a impulsionar o rendimento disponível das famílias.

O aumento dos salários reforça a confiança no mercado laboral e contribui para uma maior estabilidade financeira. A evolução registada mostra que, apesar dos desafios económicos, o salário continua a desempenhar um papel central na melhoria da qualidade de vida e no equilíbrio social do país.

FONTE: CASAFARI