Garantia Pública: 89% Financia 100% da Compra da Casa A garantia pública facilita o crédito à habitação a 100% para jovens, mas exige atenção aos riscos e compromissos financeiros de longo prazo. 24 jul 2025 min de leitura O acesso ao crédito para compra de casa em Portugal sofreu uma transformação profunda desde a introdução da garantia pública para jovens até aos 35 anos. Este mecanismo, em vigor desde o início de 2025, permite que o Estado atue como fiador até 15% do valor da aquisição, tornando possível financiar 100% do valor do imóvel. A medida surge num contexto de preços elevados no mercado imobiliário e dificuldades crescentes para os mais jovens reunirem o valor necessário para a entrada inicial, tradicionalmente exigida pelos bancos. Principais destaques sobre o crédito com garantia pública: Cerca de 13% do montante total dos novos contratos de crédito à habitação foi realizado ao abrigo deste regime em 2025. 89% destes financiamentos cobrem 100% do valor da casa, eliminando a necessidade de entrada inicial. O valor médio dos créditos com garantia pública ronda os 190 mil euros, superior ao dos contratos sem este apoio. A adesão varia entre bancos: algumas instituições usam mais de 30% do limite atribuído, outras não chegam a 5%. Até ao final do primeiro trimestre de 2025, 15% do montante máximo de garantia pública já foi alocado. A medida é especialmente relevante nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, onde os preços das casas são mais elevados. A garantia pública foi desenhada para responder a uma necessidade concreta: muitos jovens têm rendimentos suficientes para suportar a prestação mensal do crédito, mas não conseguem poupar o montante necessário para a entrada inicial, que pode facilmente ultrapassar dezenas de milhares de euros. Com o Estado a garantir até 15% do valor da casa, os bancos passaram a conceder crédito até 100% do valor de avaliação, eliminando a principal barreira ao acesso à habitação própria. No entanto, este novo cenário traz consigo desafios e riscos acrescidos: Os contratos de crédito com garantia pública apresentam uma taxa de esforço média mais elevada, cerca de seis pontos percentuais acima da média das novas operações de crédito à habitação. Os mutuários comprometem-se com financiamentos de maior valor e prazos mais longos, podendo ultrapassar os 37 anos. Com rácios loan-to-value (LTV) próximos de 100%, qualquer descida no valor dos imóveis pode colocar os mutuários numa situação de dívida superior ao valor da casa. Mudanças inesperadas na situação financeira das famílias ou no mercado de trabalho podem agravar a vulnerabilidade dos mutuários. A medida da garantia pública está limitada a contratos assinados até ao final de 2026 e aplica-se a jovens entre os 18 e os 35 anos que comprem a primeira habitação própria permanente, até ao valor máximo de 450 mil euros. Os beneficiários não podem ser proprietários de outro imóvel e devem ter rendimentos abaixo do oitavo escalão do IRS. O montante global da garantia pública foi fixado em 1.200 milhões de euros, com quotas distribuídas por cada banco, podendo ser reforçado caso a procura exceda o valor inicialmente previsto. A utilização da garantia pública reflete-se sobretudo nas zonas de maior pressão imobiliária, como Sintra, Vila Nova de Gaia e Seixal, onde o acesso à habitação tem sido mais difícil para os jovens. O valor médio das casas adquiridas ao abrigo deste regime é superior ao das operações tradicionais, o que indica que a medida está a responder a uma procura real em segmentos de mercado onde a entrada inicial era um obstáculo intransponível. Apesar do sucesso inicial, é fundamental que os jovens ponderem cuidadosamente as condições do crédito e os compromissos financeiros a longo prazo. O acesso facilitado ao financiamento não deve ser visto como um convite ao endividamento excessivo, mas sim como uma oportunidade de planear a aquisição da casa própria de forma responsável. A estabilidade do emprego, a capacidade de poupança e a gestão rigorosa do orçamento familiar continuam a ser fatores essenciais para garantir a sustentabilidade do crédito ao longo do tempo. A garantia pública no crédito à habitação representa uma resposta inovadora e eficaz às dificuldades de acesso à casa própria por parte dos jovens em Portugal. Ao permitir o financiamento a 100%, elimina a maior barreira à entrada no mercado imobiliário, mas exige uma análise cuidada dos riscos e das obrigações associadas. O equilíbrio entre oportunidade e prudência será determinante para o sucesso desta medida e para a estabilidade financeira das famílias portuguesas nos próximos anos. Fonte : SUPERCASA Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado